OS BOIADEIROS NA UMBANDA

São espíritos de pessoas, que em vida trabalharam com o gado, em fazendas pôr todo o Brasil, estas entidades trabalham da mesma forma que os Caboclos nas giras de Umbanda.

Usam de canções antigas, que expressam o trabalho com o gado e a vida simples das fazendas, nos ensinando a força que o trabalho tem e passando, como ensinamento, que o principal elemento da sua magia é a força e a vontade de conquistar, fazendo assim que consigamos uma vida melhor e farta.

Os Boiadeiros também integram a chamada Linha Intermediária ou Auxiliar, podendo atuar livremente tanto nas linhas de direita quanto de esquerda. É um Arquétipo forte, impositivo, vigoroso, valente e destemido. Representa a natureza desbravadora, romântica, simples e persistente do homem do sertão, também chamado de caboclo sertanejo. Lembra os vaqueiros, boiadeiros, laçadores, peões e tocadores de viola; muitos deles mestiços, filhos de branco com índio, de índio com negro etc., trazendo à nossa lembrança a essência da miscigenação do povo brasileiro, com seus costumes, crendices, superstições e fé.

A Linha de Boiadeiros é sustentada, num dos seus Mistérios, pelo Orixá Ogum. Por isso, eles são verdadeiros “soldados” que vigiam tudo o que acontece dentro do campo da Lei Maior, estando sempre prontos a acudir os necessitados. Na Linha do Tempo, atuam sob a Regência de Mãe Oyá-Tempo e de Mãe Iansã, combatendo as forças das trevas pela libertação e o reerguimento consciêncial dos espíritos que se negativaram, se desequilibraram e se perderam, recolhendo-os e os encaminhando para o seu local de merecimento na Criação.

Embora a Linha seja sustentada por esses Orixás (Ogum, Oyá-Tempo e Iansã), cada Boiadeiro vem na Irradiação de um ou mais Orixás que os regem especificamente, como acontece nas demais Linhas de Trabalho da Umbanda. Na linguagem dos Boiadeiros, “boi” é o próprio ser humano em desequilíbrio. Ou seja, são os espíritos encarnados e os desencarnados em desequilíbrio perante a Lei Maior, necessitados de auxílio. Suas referências a cavalos, a tocar a boiada, a laçar e trazer de volta “o boi” desgarrado do rebanho, ou atolado na lama, ou arrastado pelos temporais, ou que se embrenhou nas matas e se perdeu, ou que foi atravessar o rio e foi arrastado pela correnteza etc., tudo isso tem a ver com o trabalho realizado pelos destemidos Boiadeiros de Umbanda: eles resgatam os espíritos que se rebelaram contra a Lei Divina, pois esses espíritos são como “bois e cavalos” que não aceitam os “cabrestos” ou limites criados pela Lei de Deus e que por isso precisam ser “domesticados” e educados. Nada melhor que os Boiadeiros para fazer isso.

Quando um Boiadeiro da Umbanda gira no ar o seu laço, ele está criando magisticamente, dentro do espaço religioso do Terreiro, as ondas espiraladas do Tempo, que irão recolher os espíritos perdidos nas próprias memórias desequilibradas e/ou irão desfazer energias densas acumuladas no decorrer do tempo. Já quando um Boiadeiro vibra o seu chicote, está recorrendo de forma magística e religiosa à Divina Mãe Iansã, para movimentar e direcionar os espíritos estagnados no erro e na desordem. É muito efetivo o seu trabalho contra os espíritos endurecidos (“eguns”). São espíritos de peões, tropeiros, antigos vaqueiros do sertão, pessoas que tiveram sua vida dedicada à lida com o gado. Os espíritos integrantes dessa linha também são chamados de Caboclos de Couro, expressão dada para diferenciar dos Caboclos de Pena, que são espíritos de índios.

Esses espíritos podem se apresentar como Caboclos Boiadeiro, mais ligado à mata, à Oxóssi, à Jurema ou como Baiano Boiadeiro, entidade mais ligado à Bahia e semelhante aos espíritos de Baianos. Ademais, todos integram a linha de boiadeiros. Sabe-se que os antigos vaqueiros rodavam o país inteiro, montado em seu cavalo, tocando o gado. Por essa razão, essas entidades não são caracteristicas apenas de uma região, mas de todo o país. Por isso, existem pontos cantados que falam na Bahia, em Minas Gerais, etc. Esses espíritos por utilizarem quando encarnados, usam em seus trabalhos o chapéu e jaleco de couro, o lenço vermelho, cordas de laço, berrante, etc.

A linha de Boiadeiro possui um significado interessante. Esses espíritos de homens corajosos, fortes e destemidos, passaram a trabalhar no plano espiritual contra a demanda e forças negativas. O boi de agora, nada mais é do que os Kiumbas, as forças negativas que precisam ser laçadas e controladas. Sua boiada também pode significar os filhos de fé que são “tocados” em direção à evolução. Os “cangaceiros” do sertão brasileiro de fato surgiram, em meados dos anos 1920, para defender as populações humildes dos maus tratos e desmandos dos “coronéis” e demais detentores do poder material, que massacravam os menos favorecidos, tomando-lhes muitas vezes até as mulheres, os poucos bens e a dignidade pessoal. Esses homens “poderosos” mandavam e desmandavam, pois se achavam acima das leis humanas e, por certo, não conheciam ou não respeitavam as Leis Divinas.

E os “cangaceiros” (Lampião e seu “bando”, os mais famosos) representaram, à época, um movimento popular de revolta e combate a tais desmandos. Foram marginalizados, até porque aos “poderosos” isso convinha. É provável que tenham cometido lá seus excessos também, respondendo à violência das armas com outras armas; mas, pelo menos, tinham a justificativa de estar lutando pelos mais fracos. Já os opressores, qual desculpa teriam? Enfim, o temperamento combativo desses espíritos de certa forma foi-se agrupando à Linha dos Boiadeiros e eles começaram a se manifestar para trabalhar, nos Terreiros de Umbanda que os acolhiam. Não são “bandidos e malfeitores”, mas espíritos que têm identificação com o Arquétipo do sertanejo forte e destemido.

Há Casas em que os Cangaceiros vêm na Linha de Baianos. Mas, tecnicamente falando, e sem desrespeitar opiniões em contrário, se bem analisarmos os Arquétipos das duas Linhas mencionadas, parece mais adequado a sua aproximação com os Boiadeiros. Porque o Arquétipo do Boiadeiro é o do homem sertanejo. Já o Arquétipo dos Baianos é o dos Sacerdotes (construído a partir dos primeiros Sacerdotes da Bahia e do Nordeste, que mantiveram, sustentaram e divulgaram o Culto aos Orixás). Mas, é claro, a Umbanda é uma religião universalista, voltada unicamente para a prática do Bem, de modo que não vale a pena discutir sobre divergências menores. Essencial é verificar se os espíritos que se manifestam estão praticando o Bem, dentro dos fundamentos da religião, independente do nome com o qual se apresentem. A manifestação desses espíritos no terreiro é de fácil reconhecimento. Geralmente chegam com o braço direito levantado e girando, como se estivesse laçando com sua corda. Seu brado soa como se estivesse tocando gado: “Êêê Boi”.

Esses espíritos são sérios, carrancudos, disciplinados, não gostam de brincadeira e nem de meio termo. Tem uma linguagem difícil, típica do homem rude do sertão. Dão seus conselhos, seus passes, fazem seus trabalhos com a maior humildade e simplicidade. Utilizam-se de cachaça, de cigarros de palha ou charutos. Gostam de usar chapéu de couro, de ter nas mãos seu laço de corda, instrumentos que utiliza em seus trabalhos. Gostam da comida dos tropeiros, em especial da carne de sol. Em suas oferendas, utiliza-se a carne de sol, a cachaça, o fumo e velas que podem ser das cores laranja ou vermelha. São grandes protetores das criações, plantações, etc. Sua oferenda, preferencialmente, é realizada nas campinas ou beira de estradas.

Assim como os demais espíritos da Umbanda, eles são organizados em falanges, sendo as mais conhecidas:

Chico da Porteira;Zé do Laço; Zé da Campina; Tião; Zé Mineiro; Serra Negra; Boiadeiro Navizala; Laço Nervoso; Carne de Boi; Zé do trilho; Serafim; João Bento; etc.

Recolhem os espíritos que se desviaram perante a Lei Divina e agem de forma desequilibrada em qualquer dos Sentidos da Vida; combatem os espíritos trevosos e as magias negativas; promovem uma limpeza profunda em nosso campo magnético, despertando em nossas vidas, de forma ordenada, movimento e direção. Sua saudação, popularmente conhecida, é “Jetruá” “Xetro Marrumbaxêtro”. Essas saudações não possuem um significado claro. Muitos defendem que elas são inerentes a forma como os boiadeiros dão seu brado quando tocam o gado. Esses espíritos atuantes da Umbanda, também podem ser encontrados nos chamados Candomblés de Caboclo, ligados à nação de Angola, com algumas caracteristicas diferentes.

Nos seus trabalhos usam de velas, pontos riscados e rezas fortes para todos os fins. São espíritos de vaqueiros, posseiros, capatazes, cangaceiros e espíritos afins. Sabem que a prática da caridade os levará a evolução, trabalham incorporados na Umbanda, e Candomblé. Fazem parte da linha de caboclos, mais na verdade são bem diferentes em suas funções. Formam uma linha mais recente de espíritos, pois já viveram mais com a modernidade do que os caboclos, que foram povos primitivos.

Esses espíritos já conviveram em sua ultima encarnação com a invenção da roda, do ferro, das armas de fogo e com a prática da magia na terra. Saber que boiadeiros conheceram e utilizaram essas invenções nos ajuda muito para diferenciarmos dos caboclos. São rudes nas suas incorporações, com gestos velozes e pouco harmoniosos. Sua maior finalidade não é a consulta como os Pretos-Velhos, nem os passes e muito menos as receitas de remédios como os caboclos, e sim o “dispersar de energia” aderida a corpos, paredes e objetos. É de extrema importância essa função, pois enquanto os outros guias podem se preocupar com o teor das consultas e dos passes, existe essa linha “sempre” atenta a qualquer alteração de energia local (entrada de espíritos). Quando bradam alto e rápido, com tom de ordem, estão na verdade ordenando a espíritos que entraram no local a se retirar, assim “limpam” o ambiente para que a prática da caridade continue sem alterações, já que a presença, desses espíritos muitas vezes interferem nas consultas de médiuns conscientes.

Esses espíritos atendem a boiadeiros pela demonstração de coragem que os mesmos lhes passam e são levados por eles para locais próprios de doutrina. Outra grande função de um boiadeiro é manter a disciplina das pessoas dentro de um terreiro, sejam elas médiuns da casa ou consulentes. Costumam proteger demais seus médiuns nas situações perigosas. São verdadeiros conselheiros. “Gostar” para um boiadeiro, é ver no seu médium coragem, lealdade e honestidade, aí sim é considerado por ele “filho”. Trabalham também para Orixás, mais mesmo assim, não mudam sua finalidade de trabalho e são muito parecidos na sua forma de incorporar e falar, ou seja, a energia emanada pelo Orixá para quem trabalha é apenas um critério interno e obrigatório dentro do próprio “Ori”. Exemplificando essa idéia:

Um boiadeiro que trabalhe para Ogum é praticamente igual a um que trabalhe para Oxóssi, apenas cumprem ordens de Orixás diferentes, não absorvendo, no entanto as características deles. Dentro dessa linha, a diversidade encontram-se, na idade dos boiadeiros. Existem boiadeiros mais velhos, outros mais novos, e costumam dizer que pertencem a locais diferentes, como regiões por exemplo: Nordeste, Sul, Centro-Oeste, etc…

Fonte: “Arquétipos da Umbanda”, Rubens Saraceni, Madras Editora, 2007, páginas 108/109 e 111.

A Bíblia cita carruagens de fogo (de luz) puxadas por cavalos. Também cita os Cavaleiros do apocalipse, em suas cavalgadas pelo espaço levando o terror aos pecadores. Outras mitologias religiosas citam seres espirituais que cavalgam pelo espaço infinito. Inclusive, a Mitologia cita as Valquírias, que eram (ou são) exímias amazonas sobrenaturais. A mitologia grega cita Pegasus, o cavalo alado, e cita seres que têm corpo de cavalo e humano.

Bem, separando as descrições míticas, temos de fato espíritos de cavalos que, após desencarnarem, retornam para uma dimensão da vida que é, em si, uma realidade de DEUS, toda dedicada a abrigá-los. E não só aos que encarnaram, porque essa realidade se assemelha a um sonho ou a um conto de fadas. Além de ser uma dimensão quase toda plana, só quebrada por algumas ravinas, colinas, bosques e riachos, ela é infinita em qualquer direção, e é toda verdejante, recoberta por algumas espécies de gramíneas ou capins de baixa estatura.

Nela vivem equinos das mais variadas espécies, cada uma tão bela quanto as outras; e andam em manadas tão grandes que encantam os olhos de quem os vê correndo ao longe. Ninguém é obrigado a crer no que aqui revelamos, mas essa dimensão realmente existe. Assim como existem os verdadeiros exércitos de espíritos montados em seus garbosos cavalos que, a um comando dos seus montadores, se atiram numa cavalgada pelo espaço.

Briosos e fogosos, esses cavalos obedecem aos seus montadores como se ouvissem o pensamento deles. Esses exércitos de espíritos montados vigiam, como soldados dedicados, tudo o que acontece nos campos da Lei Maior e sempre estão prontos e alertas para acudirem os necessitados. Ogum, na Umbanda, difere um pouco de sua descrição no Candomblé porque nela Ele foi todo associado à Lei Maior e é “o senhor das demandas”.

Ogum corta demandas o tempo todo para os umbandistas. São pedidos e mais pedidos nesse sentido e ninguém mudará essa imagem, esse arquétipo de Ogum, pois foi pra exercê-la que ele foi incorporado à nascente religião umbandista. Pois bem, a Linha de Boiadeiros é sustentada, em um dos seus Mistérios, por Ogum, e a alusão aos cavalos, ao tocar da boiada, ao laçar e trazer de volta o boi desgarrado do rebanho, o atolado na lama, o arrastado pelos temporais, o que se embrenhou nas matas e se perdeu, o que foi atravessar o rio e foi arrastado pela correnteza, etc., tudo tem a ver com o trabalho realizado por esses destemidos espíritos Boiadeiros de Umbanda.

E assim sucessivamente com as alusões dos seus pontos cantados, pois as “ventanias”, as “poeiras”, as “enxurradas” e outros simbolismos indicam os campos de atuação e de ações desses espíritos aguerridos que lidam com os “bois desgarrados do grande rebanho”.

Na Bíblia, o cordeiro simboliza espírito.Na Umbanda dos Boiadeiros eles são chamados de “bois”. Boiadeiros são espíritos que conduzem de volta às pastagens tranquilas e seguras os “bois” que se “desgarraram” e se desviaram da grande corrente evolucionista humana. É para buscá-los de volta e reincorporá-los, mesmo que à força (o laço e o chicote), que os Boiadeiros (Caboclos de Ogum ligados ao TEMPO) existem. Eles não são só espíritos de ex-vaqueiros ou ex-peões. Eles são grandes resgatadores de espíritos rebelados contra a Lei Maior porque não aceitam os “cabrestos” ou as “peias” criadas por ela [Lei Maior] para educar os “cavalos e bois” [espíritos] chucros e arredios, difíceis de serem domados e domesticados.

O simbolismo por alusão é tão associado à lida com o gado e com suas dificuldades que, ou o interpretamos corretamente ou muitos desavisados ficarão com a impressão de que eles são só espíritos de ex-peões tocadores de gado do plano material. Ogum é o senhor das demandas, Iansã é a senhora dos Eguns (espíritos), Logunan é a senhora do Tempo cronológico [Obs.: do tempo que passa, das eras, e também do Tempo Infinito de Deus, que é a eternidade].

No tempo, em que tudo acontece (a evolução), esses Caboclos de Ogum demandam com as forças das trevas pela libertação e reerguimento consciencial dos espíritos, amparados pela nossa Divina Mãe Iansã. Também, a Linha de Boiadeiros é uma linha transitória criada por Ogum e outros Orixás para que todos os Exus de Umbanda, assim que evoluam, possam galgar um novo grau de trabalhos espirituais, no qual deixam de ter que atender a todos os pedidos, não importando se são justos ou injustos, se são bons ou ruins, pois Exu é neutro e assume a polaridade de seu ativador. [Obs.: Exu é neutro. Ele “funciona” de acordo com a polaridade da pessoa que o ativa. Mas a responsabilidade é de quem o ativou e lhe deu a própria polaridade, boa ou má].

Todo espírito que atua como Exu de Umbanda, ao conquistar o grau de Boiadeiro, recupera o seu livre arbítrio e já não é obrigado a responder às invocações com fins negativos. Após conquistar o grau de Boiadeiro, o espírito deixa de ser conduzido pelos “bois” e torna-se um tocador “de gado”.

Jetuá, Boiadeiro!

UM POUCO MAIS SOBRE: BOIADEIROS

Para algumas correntes de pensamento umbandista, esses espíritos já foram Exus e, numa transição dos seus graus evolutivos, hoje se manifestam como caboclos boiadeiros.

…Essa é a interpretação mais aceitável, pois muitos desse espíritos que hoje se manifestam nesta linha de trabalhos espirituais realmente já trabalharam sob a irradiação do mistério Exu,que os acolheu e direcionou, pois na Umbanda Sagrada Exu é mais um dos seus graus evolutivos.

…Mas muitos desses caboclos boiadeiros nunca foram Exus e sim, atuam nas linhas cósmicas dos sagrados orixás e são regidos por Ogum e por Oyá e seus campos de ação são os caminhos (Ogum) e o tempo ou as Campinas (Oiá).

…São espíritos hiper-ativos que atuam como refreadores do baixo-astral e são aguerridos, demandadores e rigorosos quando tratam com espíritos trevosos.

…O símbolo dos boiadeiros é o laço e o chicote, que são suas armas espirituais e são verdadeiros mistérios, tal como são as espadas, as flechas e outras “armas” usadas pelos espíritos que atuam como refreadores das investidas das hostes sombrias formadas por espíritos do baixo-astral.

…É uma linha muito poderosa e muito numerosa no mundo espiritual e seus caboclos atuam nas sete linhas de Umbanda.

…Os Orixás que regem o mistério boiadeiros são Ogum e Oyá.

…Eles são descritos como Caboclos da Lei que atuam no tempo ou Caboclos do Tempo que atuam na irradiação da lei.

Os Boiadeiros fazem parte de um dos “Povos de Umbanda” que se apresentam nos terreiros. É uma linha de trabalho tão importante quanto caboclos, pretos-velhos, baianos, ciganos, marinheiros, etc.

…Constituem uma linha intermediária e uma homenagem ao povo sofrido que vivem nos campos. Muitas entidades em sua fase de evolução, transitando das linhas de trabalho da esquerda para a direita, encontram na forma de atuação como boiadeiros um ótimo recurso para fazerem essa transição. Podemos assim dizer que alguns boiadeiros já estiveram atuando como exús no passado.

…É uma linha muito amparada pelos Orixás Yansã e Oiá-Tempo, pois, na sua forma de apresentação os boiadeiros costumam com seus laços criar verdadeiras espirais nas quais “laçam” eguns e quiumbas paralisados em seus negativos e que perturbam a paz dos encarnados.

…Os boiadeiros em geral são alegres e costumam com seus brados de “ô boi” trazerem a descontração e fazem poderosos descarregos enquanto dançam.

…A saudação aos boiadeiros é “marranbá che tuá”, ou simplesmente “salve os boiadeiros”.

…Por ser uma linha diversa, muitos praticantes não obtém o conhecimento de seus trabalhos e procedimentos pautados no bom senso, conta-se que em alguns terreiros menos esclarecidos alguns médiuns na manifestação desta linha “incorporam” o “boi”, outros o “boiadeiro” e então o terreiro torna-se um verdadeiro “rodeio” com os médiuns laçando-se uns aos outros numa verdadeira pantomima!!!

…O importante é que em todas as práticas mediúnicas nos pautemos pela ética, onde as entidades manifestantes como Guias Espirituais sempre vem para trabalhar prestando a caridade e os médiuns sempre devem poder se responsabilizar por todo o trabalho que suas entidades realizam em terra.

…Os Boiadeiros respondem à todo terreiro que traz uma doutrina voltada para a prática do amor e da caridade com humildade e devoção, e o que existir de ruim por aí, boiadeiro aparecerá apenas para laçar e levar embora…

….Salve todos os Boiadeiros!