OS EXUS NA UMBANDA Exu é um orixá fundamental para a Criação, pois sem a existência do mistério regido por ele nada poderia ter sido exteriorizado por Olorum. O Mistério Exu foi humanizado na África e a divindade cósmica e dual Exu tem sido evocada há vários milênios, sempre segundo rituais seguidos à risca pelos seus sacerdotes (babalaôs, babalorixás e Ialorixas). Exu é um mistério da criação e é regido pelo divino Mehór yê, que é um Trono Cósmico dual, polarizador natural da divina Mahór yê, que é o Trono Cósmico dual regente do Mistério “Pomba-Gira”. Mehór yê rege sobre a vitalidade em seu aspecto geral e sobre o vigor sexual em seu aspecto particular. Mahór yê rege sobre o desejo em seu aspecto geral e sobre o desejo sexual em seu aspecto particular. Todo “Trono” carrega seu “cetro de poder”, ou seu “cetro simbólico”. Ogum porta a sua espada; Xangô porta seu machado; Iansã porta seu…, Oxalá porta seu…, Iemanjá porta seu…, Oxum porta seu…, Nana Buruquê porta seu… Já Exu “Natural” porta seu cetro simbólico, que é de formato fálico. Exu Natural, no particular, rege sobre o vigor sexual e tanto pode vitalizá-lo como desvitalizá-lo. Por isso, seu cetro simbólico é um falo. Mas, no geral, Exu tanto vitaliza quando desvitaliza todos os sete sentidos capitais de um ser . Por que o cetro simbólico de Exu Natural (que nunca encarnou) é fálico? Seu cetro simbólico está mostrando um dos seus campos naturais de atuação, que é a sexualidade, assim como está deixando patente que lida naturalmente com a energia vital gerada no apare¬lho genésico que, se quintessenciada, resulta no fluxo da energia kundalini, que é a responsável pela abertura de faculdades mentais superiores, capacitando as pessoas e dando-lhes condições de sus¬tentarem operações mentais muito mais sutis e abrangentes. Logo, como o falo é o símbolo mais marcante do vigor sexual, Exu tem nele seu “totem” ou cetro de poder. O Linghan Hindu é um símbolo de Exu e toda a sua simbologia nos revela que ele está na base da energia kundalini. Os deuses fálicos de antigas civilizações nada mais eram que a humanização do mistério da criação que rege sobre a vitalidade dos seres. E na África, em algumas de suas “nações”, Exu foi a divinda¬de que chamou para si a “humanização” desse mistério da criação, mistério esse que tem numa das dimensões paralelas seus meios natural e gerador de magnetismo e energias, dimensão esta que vitaliza todas as outras dimensões planetárias, que retiram dela a quantidade exata de energias que precisam para vitalizar os seres que vivem nelas. A dimensão natural de Exu fica à esquerda da dimensão humana e nela vivem trilhões de seres naturais que são geradores naturais dessa energia que vitaliza quem se aproxima deles. Os médiuns incorporantes conhecem bem essa qualidade de Exu, pois ao incorporá-los, sentem-se vitalizados, fortes mesmo! Essa vitalidade acontece em todos os sentidos, não só no sétimo sentido, sendo que, raramente, um médium tem sua sexualidade alterada em função da incorporação de Exu, pois a maior vitalizacão se dá no seu mental e no reequilíbrio do seu emocional, assim como no fortalecimento dos seus corpos físico e energético. O fato é que a dimensão onde vive Exu Natural é um meio gerador de energias e magnetismo vitalizadores dos seres. Mas, paradoxo dos paradoxos, se Exu Natural transpira vigor por todos os seus sentidos e não só por meio do sétimo, no entanto não vibra o “desejo”. E por isso, Exu é limitado, pois enquanto irradiador natural da energia e do magnetismo vitalizador, não toma iniciativas próprias porque não gera o fator “desejo”, fator esse cuja principal qualidade é a de estimular os seres a tomarem iniciativas por conta própria. Por isso, Exu polariza com Pomba-Gira e formam um par magnético e energético, indispensáveis um ao outro em vários aspectos. Exu Natural projeta, com seu cetro simbólico, uma onda vibratória que alcança a dimensão natural onde vivem seres femininos que são geradores naturais de energia e magnetismo que despertam o desejo. E assim Exu é estimulado a tomar iniciativas. Já Pomba-Gira Natural projeta, com seu cetro simbólico, uma onda que alcança a dimensão onde vive Exu e por meio dela absorve o fator vitalizador, com o qual fortalece seu mistério e sua capacidade de irradiar seu magnetismo e sua energia, estimuladores do desejo. Exu e Pomba-Gira são mistérios complementares e formam um par natural, assim como outros orixás se polarizam porque são complementares em vários campos, sentidos e aspectos. Olorum, ao criar, criou tudo em partes que se completam, e também não deu a Exu ou a Pomba-Gira a auto-suficiência plena. O que Olorum fez com tudo o que criou foi tornar todos dependentes, senão poderiam “endeusar-se”, caso se vissem auto-suficientes. Com isso ressaltado, fica fácil entender que Exu só atua sobre alguém caso um “desejo”, exterior a ele, o ative. Exu não tem livre iniciativa, pois só reflete os desejos alheios, seja de seus médiuns, seja dos que o evocam ou oferendam. A DIMENSÃO NATURAL DE EXU A dimensão natural de Exu Natural (ser que nunca encarnou) é saturada de energia que vitaliza os seres. Seus habitantes naturais (os Exus) são geradores naturais (geram em si) de um tipo de energia que quando irradiada para alguém, vitaliza-o, fazendo com que se sinta forte e vigoroso, feliz mesmo! Por isso Exu, quando incorpora em seu médium, gargalha à solta. Exu Natural transpira essa alegria natural e até sorri com nossas tristezas e tormentos. Exu Natural não conhece os sentimentos de tristeza, mágoa ou remorso, pois não os gera em si, mas tão-somente de si. Este “gerar de si”, ocorre quando ele atinge outros seres com seu mistério em seu aspecto negativo, que é desvitalizador. Mas não os gera em si e não os vibra quando se manifesta em seus médiuns, aos quais ofende chamando-os de “burros”, pois se não os gera em si, não entende as razões dos seus médiuns gerá-los em seus íntimos e exteriorizá-los em vários sentidos. Logo, a dimensão natural de Exu desconhece a tristeza, a mágoa e o remorso. E quando Exu é evocado para punir alguém, ele faz o seu trabalho muito bem feito porque não sente remorso, mágoa ou tristeza ao ver que quem ele está punindo, está sofrendo. Exu vê isso com bons olhos, pois sabe que, se não gera em si esses sentimentos, no entanto os gera de si (a partir de sua atuação) porque só assim a vida do ser aluado passará por uma transformação. Por isso Exu é cósmico e é transformador… da vida alheia. Os Exus Naturais são seres alegres, bem-humorados, pilhéricos e não se ofendem com facilidade. Mas, se Exu não gera em si a tristeza, a mágoa e o remorso, no entanto gera a confusão mental, a distorção visual e a paralisia racional. E com isso pode, muito facilmente, tomar o errado pelo certo, o torto pelo reto, o mais fácil pelo mais correto e o mais prazeroso pelo mais racional. E sua visão das coisas pode sofrer distorções acentuadas, levando-o a voltar seu mistério punidor justamente contra quem o evocou, num retorno violento que pode arruinar a vida de quem o ativou magisticamente. Quanto à paralisia racional que Exu gera em si, ela se torna muito perigosa para seus médiuns, caso eles vivam metendo-os em encrencas, pois se ele se ver muito encrencado, volta-se contra quem o encrencou (no caso, o seu próprio médium). Exu Natural é muito interesseiro e gosta de bisbilhotar a vida alheia. E por isso ele é o recurso oracular dos jogadores de búzios, pois não tem o costume de guardar para si o que vê na vida dos outros; vai logo revelando o que está vendo, não se importando se o que está revelando vai ajudar ou atrapalhar quem o está consultando. A dimensão onde vive Exu Natural reflete tudo o que acontece nas outras, pois é uma dimensão especular, e tudo é revelado porque Exu é oracular. Logo, tudo o que acontece nas outras dimensões torna-se conhecido de Exu. Por isso, ele sabe de tudo sobre os médiuns e seus orixás, e vai logo apontando com quais eles estão em falta ou por quais estão sendo punidos. Exu revela tudo, inclusive desgraças, mas não se envolve com nada se não for pago. Essa sua característica o tornou o recurso preferido dos orixás, os quais têm nele um mistério oracular neutro, mas que, tão logo revela algo, também se interessa pela resolução do que revelou, desde que seja oferendado. Com isso, Exu tanto revela quanto soluciona, pois é um mistério em si mesmo que se torna muito ativo, caso se interesse pelas suas revelações. Quem não conhece o Mistério Exu, até pode associá-lo aos entes infernais judaico-cristãos. Mas Exu é o oposto deles, que atuam movidos pela Lei ou por vingança, enquanto Exu, mesmo quando ativado pela Lei, requer todo um cerimonial diferenciado porque não se envolve com o carma de quem irá sofrer sua atuação, seja magística ou religiosa. Exu, na magia, só responde quando evocado ritualisticamente, e se for oferendado. E ainda assim, caso seja descoberto, interrompe sua atuação e até pode virá-la contra quem o evocou e oferendou ritualmente. Logo, Exu é um elemento mágico por excelência. E quando é ativado pela Lei Maior (pelos Tronos Regentes), não é o “ser” Exu que é ativado, mas sim o “Mistério” Exu, é agente cármico e elemento mágico, mas não é um ente infernal tal como os descreve a teologia judaico-cristã, desconhecedora dos mistérios naturais (associados a elementos da Natureza). A teologia judaico-cristã, toda ela mentalista, está fundamentada em conceitos abstratos de como é Deus, fato este que cria um hiato entre o Criador e Sua criação. Estudem a Bíblia e verão que ela está toda fundamentada em histórias e estórias humanas, em que seus profetas assumem uma importância muito grande e tudo o que disseram é seguido à risca pelos seus fiéis. Com isso, as divindades dos povos antigos, inimigos dos judeus, assumiram a condição de entes infernais. Isso se deve ao simplismo com que associam seus inimigos encarnados aos seus demonios abstratos, que só existem nas suas mentes delirantes. Tal como vimos líderes religiosos iranianos associarem um inimigo (os EUA) a satã, os antigos judeus também associavam os povos inimigos ou suas divindades a entes infernais. E o mesmo nós vemos acontecer aqui no Brasil, quando assistimos a tolos delirantes associarem orixás a entes trevosos criados por suas mentes distorcidas e delirantes. Por causa de disputas políticas, comerciais e territoriais, as divindades dos povos filisteus, egípcio, assírio, caldeu, hitita, grego, romano, etc., foram todas descritas como entes infernais. Posteriormente no imaginário judaico, e mais tarde no imaginário cristão, essas divindades tornaram-se “demônios” assustadores que “devoravam” pessoas, ou as atormentavam durante o sono, já que tinham desde a mais tenra idade a psique povoada com espectros assustadores, cujos nomes ficavam gravados como “bichos-papões” que atormentavam aqueles que não se curvassem ante a casta religiosa estabelecida, ou não seguisse ao pé da letra seus dogmas doutrinários. O inferno judaico-cristão é um caos, porque seus entes infernais são produtos de puro abstracionismo mental, já que é formado por divindades alheias, todas tachadas de demonios por seus idealizadores. No universo religioso dos orixás, tudo é muito bem distribuído; tudo é descrito como aspectos do Divino Criador Olorum, e não existe esse inferno caótico. O que há são os pólos negativos das irradiações divinas, aos quais são recolhidos todos os seres que regrediram espiritualmente, negativaram seu magnetismo mental ou bloquearam suas faculdades mentais. Nesses pólos negativos estão assentados os Tronos Cósmicos responsáveis pela aplicação dos aspectos negativos e punitivos dos orixás regentes das irradiações divinas. Esses Tronos Cósmicos não são Exus, mas sim seres divinos assentados nos pólos negativos, cujo magnetismo natural atrai todos os seres que se negativarem e desenvolverem magnetismos mentais análogos aos dos seus tronos energéticos, que são como imãs seletivos. — Temos Tronos Cósmicos que lidam com seres cuja religiosidade foi desvirtuada. — Temos Tronos Cósmicos que lidam com seres que atentaram contra a vida de seus semelhantes, etc., mas eles não são Exus. Uns são Tronos Cósmicos da Água, outros do Fogo, outros do Ar, outros da Terra, outros dos Minerais, outros dos Vegetais e outros dos Cristais, mas não são Exus. Cada um desses Tronos “elementais”, cósmicos e negativos, possui suas hierarquias, que se desdobram nos planos posteriores, tais como os duais, os encantados e os naturais. — Os Tronos Cósmicos negativos elementais são de um só elemento, o qual tanto irradiam como absorvem. — Os Tronos Cósmicos negativos duais são de dois elementos, os quais, em um são irradiantes e no outro são absorventes. — Os Tronos Cósmicos negativos encantados são de três elementos, os quais, os dois primeiros eles amalgamam (fundem) e geram um terceiro, ao qual tanto irradiam quanto absorvem. — Os Tronos Cósmicos negativos naturais são de todos os elementos, aos quais absorvem, mas que fundem em seus tronos energéticos e depois, numa irradiação única e poderosíssima, irradiam. Mas não são Exus e nunca passaram pela dimensão natural onde Exu é o nome que damos aos seres que nela vivem, evoluem e atendem a uma vontade do Divino Criador Olorum. Na dimensão natural de Exu não existem seres do fogo, da água, da terra, do ar, dos minerais, dos vegetais ou dos cristais, mas sim seres que geram em si o fator vitalizador e que desenvolvem certas faculdades: alguns se tornam vitalizadores do elemento ígneo, c daí surgem os Exus do Fogo; outros se tornam vitalizadores do elemento telúrico, e daí surgem os Exus da Terra; outros se tornam vitalizadores do cristal, e daí surgem os Exus dos Cristais; outros se tornam vitalizadores do elemento vegetal, e daí surgem os Exus Vegetais, ou das Matas; outros se tornam vitalizadores da água, e daí surgem os Exus da Água; outros se tornam vitalizadores do elemento eólico, e daí surgem os Exus do Ar. Tal como acontece com os orixás, cujas hierarquias vão se desdobrando (em Ogum vão surgindo os Oguns da Terra, da Água, do Ar, etc…; e em Oxóssi vão surgindo os Oxóssis da Terra, da Água, do Ar, etc.; e assim por diante com todos os orixás, porque cada um é gerador natural de um fator), com Exu o mesmo acontece, porque o fator vitalizador é gerado naturalmente por Exu …e só Exu. Já um Trono Cósmico negativo da Água, por exemplo, gera apenas a parte negativa do fator aquático. E o mesmo acontece com os Tronos Cósmicos negativos dos outros elementos que, por não gerarem em si ou de si o fator vitalizador, não são Exus. Assim, um Trono Cósmico negativo do elemento fogo é o que e: um ser que gera de si elemento fogo cósmico porque gera em si o fator ígneo. Já Exu não gera de si o elemento fogo, porque não gera em si o fator ígneo. Mas Exu gera em si o fator vitalizador e, ao ir radiá-lo para os seres ígneos, vitaliza suas irradiações… ou as desvitaliza. Então, fica entendido que Exu é um ser natural que gera em si o fator vitalizador, e que tanto pode vitalizar quanto desvitalizar os seres geradores naturais dos outros fatores. “Exu não é eles, e eles não são Exus.” Mas, quem sabia disso, se antes esse conhecimento nunca havia sido aberto ao plano material humano pela Lei que rege os mistérios da criação? Então, que todo o abstracionismo judaico-cristão, em grande parte absorvido pelo sincretismo da Umbanda, seja desculpado, pois nem os mais profundos conhecedores dos orixás sabiam disso, e também andaram associando Exu a entes infernais da Cabala judaica, num nefasto arroubo de pseudo-intelectualismo ou pseudo-saber iniciático ou esotérico. Porque Exu Natural é um ser alegre, descontraído, astuto, desconfiado e arisco, mas não é nenhum demónio judaico-cristão nem ente infernal das “cabalas” que pululam por aí. Exu tem origem, meio e fim dentro da criação divina do Divino Criador. E seu fim não é habitar os infernos religiosos das muitas crenças ou crendices já semeadas na face da Terra por pseudos teólogos. Na religião de Umbanda, Exu ocupa um lugar à esquerda dos médiuns e é o melhor intérprete das vontades maiores manifestadas pelos Senhores Orixás porque sua dimensão natural é “especular” e nela todas as outras se refletem. O mistério Exu, quando estudamos os Orixás a partir da gênese, ele fornece a base inicial da criação, que é o vazio absoluto, ou o primeiro estado da criação divina. Todas as gêneses de todas as religiões ensinam que, no início, só existia Deus e nada mais, sendo que fora Dele só existia o vazio absoluto e Nele tudo estava contido. Esta forma de se descrever o início é geral e surgiu na face da Terra há milhares de anos, transmitida para povos diferentes e que não tinham contato entre si, fato este que nos indica que mensageiros das Divindades semearam entre os povos esta forma de se descrever o início da Criação Divina. E o tempo se encarregou de criar descrições melhor elaboradas para o início dela. Exu enquanto mistério Divino é uma Divindade tão importante quanto os outros Orixás, e que, se interpretado como um dos estados da Criação ele é o primeiro deles, que é o vazio absoluto que existia “do lado de fora” de Deus, porque no “lado de dentro” estava o Divino Criador Olorum e tudo mais que Nele pré existia como os seus mistérios. Segundo alguns autores e estudiosos da língua Yorubá a palavra Exu significa esfera e entendemos isto como correto, pois, se no centro estava Olorum, no lado de fora e ao seu redor está o vazio formando em volta desse ponto inicial uma esfera escura porque nem a luz ainda havia sido exteriorizada e materializada como energia luminosa pelo Divino Criador. Algo similar a isto, às vezes mais ou menos elaborado, é o que lemos quando estudamos as descrições do início da Criação nas muitas religiões, algumas já desaparecidas da face da Terra. Ou não é isso que entendemos quando estudamos a gênese no Velho Testamento? Esse vazio original ao redor de Olorum, que é o 1º estado exterior da Criação permitiu que tudo que foi exteriorizado posteriormente se consolidasse dentro deste vazio, que também se formou ao redor de cada coisa criada dotando-as de um vazio a volta delas que as individualizou e as isolou das demais criações. E, se antes o vazio existia ao redor do Criador, ele passou a existir dali em diante ao redor de cada coisa criada, desde a menor partícula até o maior corpo celeste, desde o menor micro-organismo até o maior ser criado, separando e individualizando tudo e todos na Criação. A importância do vazio é indiscutível, pois sem a existência dele ao redor de cada coisa criada elas se fundiriam, descaracterizando-as e desfigurando-as, tornando-as irreconhecíveis e amorfas. Neste ponto o estudo do mistério Exu já o torna fascinante e fundamental para a Criação Divina, pois é o “individualizador” das coisas criadas, uma vez que esta ao redor delas contendo-as dentro de um campo invisível, que nada ontem dentro de si e cuja função e mantê-las intactas e individualizadas. A ciência nos ensina que duas porções de uma mesma substancia, se forem juntadas, formam uma única porção, maior, de uma mesma substancia. Os átomos de um mesmo elemento químico, quando ligados entre si, formam uma substancia pura, identificada pelo nome do elemento químico que a formou, tais como: o ferro, o ouro, a prata ,etc. Mas, as partículas de cada átomo estão isoladas umas das outras e mesmo com elas sendo da mesma natureza e tendo as mesmas propriedades, não se fundem porque, a nível de partículas atômicas, cada uma esta isolada de todas as outras, individualizadas pelo vazio que existe ao redor de cada uma delas. Se não existisse este vazio ao redor de cada uma delas, por serem da mesma natureza e terem as mesmas propriedades, tal como no exemplo das duas porções de uma mesma substancias, elas se fundiriam e formariam uma partícula maior, e assim, fundindo-se todas as partículas iguais em tudo, surgiria uma substancia única e indivisível, porque seria tão compacta que não haveria como tornar a separar as partículas que a formaram. UM POUCO MAIS SOBRE: EXU Trazido da África como Orixá, logo se destacou como o mensageiro dos outros Orixás, sendo oferendado sempre em primeiro lugar para que não atrapalhasse e nem criasse confusão durante a engira, tinha na África como símbolo um falo ereto, representando o seu vigor, sim esta é a chave da correta interpretação de seu mistério pois enquanto “elemento” é ele quem vitaliza os demais, não se assenta exatamente em uma linha de Umbanda. Mas para ela se manifesta em todas dando a sustentação para as linhas de esquerda masculina pois todos Orixás e Guias tem seus Exús correspondentes, Exús de Oxalá , de Oxúm, de Yansã, de Omulú…., logo são vitalizadores ou desvitalizadores da fé , do amor, da ordem, da geração……e pasmem não trabalham por “desejo” ou “vontade própria” e sim pela vontade da lei maior e de seus consulentes, e é aí que entra seu par natural Pomba-Gira esbanjando desejos e vontades, que por si só não se realizam sem a vitalidade. Elas trazem este elemento do desejo para nossas vidas, desejo de viver, trabalhar, estudar…. Cada um de nós médiuns tem pelo menos três Exús , um Guardião da nossa esquerda que raramente se manifesta e tem relação com nosso Orixá Ancestral, um Exú de trabalho que normalmente incorporamos com relação ao Orixá de Juntó , e um natural que nunca incorporamos relacionado ao Orixá de Frente. Já quem não trabalha tem apenas o natural que não incorpora e atua através de terceiros pela lei maior . Campo de atuação de Exú é vasto, visto que responde religiosamente e magisticamente. “Sem Exú na Umbanda não se faz nada” uma vez que não aprendemos a lidar com as forças das trevas, para o nosso próprio bem, por vez quem as manipula é Exú e Pomba-gira através da Lei Maior . Respondem por nomes simbólicos, das suas linhas de trabalho, os quais revela seu campo de atuação e a qual Orixá respondem através da Lei onde: Exú 7 Montanhas, 7= sete linhas, montanha = xangô, trabalha nos sete sentidos da vida pela justiça de xangô. Exú Corta-Fogo, corta = espada, fogo = xangô, ordenando os campos da justiça. Exú 7 Encruzilhadas, sete encruzilhadas é fator de oxalá para as sete linhas, logo é um Exú que trabalha nos sete sentidos da vida através da sua fé e convicções. Todos eles atuando no sentido de vitalizar ou desvitalizar o que se encontra em seu campo de atuação. |
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